Épica do sr. Nilo

 


Para meus olhos de criança, Nhô Nilo parecia muito velho. Um homem negro, sábio, que morava naquele lugar mágico que era o sítio, que cuidava do cachorro que foi atropelado. 

A entrada do sítio era muito longe da casa principal. Quando chegava algum carro, os cachorros de todos os cantos do sítio, cuidados por ele, vinham atrás dos carros para tentar morder os pneus, era a diversão popular dos bichinhos. 

Até que um deles mordeu de fato um pneu, e o pneu o mordeu de volta.

Eu fui olhar de perto, o cachorrinho sob os cuidados do caseiro ficava em uma caminha, perto do local onde ele cortava as lenhas. A mulher dele olhava o cãozinho, enquanto lavava as roupas de sua casa.

Eu não quis me aproximar muito do cachorrinho que, pensei, iria morrer. Mas sobreviveu, só ficou manco. 

É essa a épica dos meus olhos de criança. E os encantos do grotão, com a "bomba hidráulica" (pump) que fazia utilizável a água da bica, que Nhô Nilo instalou, engenhosamente. 

Descobri uma foto de Nhô Nilo jovem, nas fotografias antigas da família. Fiquei pensando se algum parente quiser uma cópia ... Vou tentar deixar no Museu da Pessoa. 

Ele já faleceu há muitos anos, fui com minha mãe na igreja aqui do bairro para marcar uma missa na ocasião. 





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