O Sítio


 Incrível como o sítio marcou tanto a minha infância, mas provavelmente fomos lá umas três vezes ou quatro. Para pernoitar, uma vez, talvez um final de semana memorável. Todas as luzes tinham que ser apagadas, por ordem do meu avô. Luzes, no caso, velas, porque não quis instalar eletricidade. Minha mãe negociou, e conseguiu que tivesse uma pequena lamparina no corredor, para as crianças irem ao banheiro. O banheiro, aliás, tinha enormes aranhas no teto, lá habitavam por ordem de meu avô, e ninguém podia mexer com elas

Fui uma vez mais, mas aí não era mais o sítio. Tinha sido loteado.

Minha mãe contava que, quando criança e adolescente, era Bandeirante - Girl Guiding Movement, Girls Scouts nos Estados Unidos, também fundado por Robert Baden-Powell, escoteiras - e uma vez meu avô deixou acamparem no sítio, ela diz que foi o auge. Ficou feliz.

O caseiro do sítio era o Seu Nilo, Nhô Nilo - nós, crianças, assim o conhecíamos. Ele tinha vários cachorros, que quando chegávamos pela longa estrada de terra, a partir da primeira porteira, corriam atrás dos pneus do carro, em esporte da caça primal. Mas, um dia, um dos cachorros acabou atropelado, não pelo nosso carro. Seu Nilo cuidava do cão atropelado, fomos ver em sua casa, que era perto, no terreno do sítio, mesmo. Lembro do cachorro, era branco com manchas marrom claras ou meio terrosas avermelhadas. Ficava deitado em umas mantinhas, enquanto era cuidado, por um longo tempo. Não lembro se sarou.   Quer o meu sentir que sim. 


No sítio, havia uma bica enfiada no mato. Era uma aventura andar até lá. O Nilo era que consertava, quando às vezes quebrava, a bomba da bica, que subia a água da fonte. Uma vez exploramos bastante esse mato, nós crianças, eu, meu irmão, meu primo. Andamos até a pinguela, que era um tronco imenso sobre um vão de terreno e grotão, e atravessamos. 







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